- Mas o que foi que aconteceu, meu anjo? Conta para mim.
Maristela – Era esse o nome da vítima – Fez beicinho:
- Ele me bateu.
DR. Carlos Henrique trincou os dentes:
- Ele, quem?
- O Jorjão.
Sentiu o peito arfar:
- E quem é esse Jorjão?
- É, bem, como eu posso dizer? Ah, deixa pra lá, doutor. Acho melhor não registrar nada.
DR. Carlos Henrique pousou a mão naquele ombro macio, carnudo:
- Posso lhe dizer uma coisa?
Maristela ficou em silêncio. O delegado insistiu:
- Com toda a experiência?
Ela balançou a cabeça, afirmativamente:
- Pode.
- Se você não denunciar esse patife, ele vai de bater de novo.
Abriu o olho roxo:
- O senhor acha?
- Tenho certeza, meu doce – alisou o hematoma.
- Aliás, vou expedir uma guia para o Instituto Médico-Legal fazer o Exame de Corpo de Delito. Está horrível.
Apesar dos pesares, ela sorriu:
- O senhor ainda não viu nada.
- Ele fez pior ainda?
Maristela pôs a mão na coxa:
- Me deu um chute aqui.
- Ficou a marca?
- Uma mancha enorme.
- Entre aqui no meu gabinete, que eu quero ver.
- Então, feche a porta, doutor.
DR. Carlos Henrique deu três voltas com a chave e mais quatro com o ferrolho. Tapou o buraco da fechadura com uma fita adesiva:
- Assim está bom?
- Ótimo. Agora, ligue o ar e prepare uma bebida para nós dois.
- Vinho?
Maristela mordeu o lábio ferido e exigiu:
- Se tiver uísque, eu prefiro.
- Tenho sempre um litro guardado para essas emergências, meu anjo. Puro ou com gelo?
- Puro.
O delegado serviu duas doses. Maristela pegou a sua e bebeu tudo em apenas três goles. Estalou os beiços:
- Vou tirar a roupa.
- Mostra tudo, meu doce… Quero ver todos os hematomas.
- Apara aquela luz ali. Deixa só a do corredor.
DR. Carlos Henrique estava arrepiado:
- Isto aqui tá parecendo estúdio da Playboy. Tira tudo meu anjo, Tira.
- Tô tirando. Pronto.
O delegado, nervoso:
- Preciso acender a luz. Quero ver de perto para poder descrever nos autos. Êpaa!!!
- O que foi doutor?
- Você é homem, cara!
- É com isso que o Jorjão não se conforma…
copiado de ASTTRO
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